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Golpes com Cartão de Crédito em Alta: Como se Proteger?


16/03/2025 12:00

Feito por Eduardo Siqueira

Foto de SumUp na Unsplash

O mundo financeiro está cada vez mais digital, e com isso, os perigos também aumentaram. Você já recebeu aquela ligação estranha do seu "banco"? Ou talvez uma mensagem urgente pedindo para atualizar seus dados do cartão? Se sim, pode ter sido alvo de uma tentativa de golpe. Os criminosos estão ficando mais espertos e usando técnicas que parecem muito reais para enganar as pessoas. É como se fosse um jogo de gato e rato, onde precisamos ficar sempre um passo à frente para não cair em armadilhas.

Golpes com cartão de crédito crescem a cada dia no Brasil e no mundo. Pessoas de todas as idades e classes sociais podem ser vítimas, desde jovens até idosos, desde quem usa o cartão pela primeira vez até quem já tem experiência. O problema é tão grande que, segundo dados da Federação Brasileira de Bancos (Febraban), as fraudes financeiras aumentaram mais de 60% nos últimos dois anos, com prejuízos que superam R$ 2 bilhões anuais somente no Brasil.

Este artigo vai te mostrar como os golpistas agem, quais são os golpes mais comuns atualmente, e como você pode se proteger. Vamos usar palavras simples e exemplos que acontecem no dia a dia, para que você possa entender tudo sem dificuldade. Não importa se você usa cartão de crédito há anos ou se acabou de receber o seu primeiro plástico – estas informações são importantes para todo mundo.

Conhecimento é a nossa melhor defesa. Quando sabemos como os golpes funcionam, fica mais fácil perceber quando algo não parece certo. Então, que tal aprender juntos como manter seu dinheiro seguro?

Entendendo os Golpes com Cartão de Crédito

Antes de falarmos sobre como se proteger, precisamos entender como esses golpes funcionam. Imagine que o seu cartão de crédito é como a chave da sua casa financeira. Se alguém consegue essa chave, pode entrar e levar tudo o que você tem. Os golpistas querem justamente isso: ter acesso ao seu cartão ou aos seus dados para gastar o seu dinheiro.

Os criminosos usam várias técnicas para conseguir esses dados. Eles podem tentar enganar você diretamente, podem usar aparelhos especiais para copiar informações do seu cartão, ou podem atacar sites e aplicativos que você usa. O objetivo é sempre o mesmo: fazer compras ou sacar dinheiro usando seu nome e seu crédito.

A cada dia, surgem novos tipos de golpes. O que funcionava há alguns anos pode não ser mais usado, enquanto novas armadilhas aparecem. Por isso, ficar atualizado sobre esses perigos é tão importante. Vamos conhecer os golpes mais comuns que estão acontecendo agora em 2025.

Os Golpes Mais Comuns em 2025

Neste ano de 2025, alguns golpes se destacam pela frequência com que acontecem. Conhecê-los é o primeiro passo para evitá-los:

1. Phishing por SMS e WhatsApp: Este continua sendo um dos golpes mais frequentes. Você recebe uma mensagem que parece ser do seu banco, avisando sobre um problema na sua conta ou uma compra suspeita. Na mensagem, há um link para você "resolver" o problema. Quando você clica e insere seus dados, os golpistas capturam todas as informações. Um estudo da empresa de segurança digital Kaspersky mostrou que mais de 45% dos ataques digitais no Brasil envolvem algum tipo de phishing.

2. Clonagem de cartão: Mesmo com a tecnologia de chip, os criminosos ainda encontram formas de clonar cartões. Eles usam dispositivos pequenos instalados em caixas eletrônicos ou máquinas de cartão modificadas. Quando você passa seu cartão, o dispositivo copia suas informações. Segundo a Polícia Federal, houve mais de 30 mil ocorrências desse tipo só no primeiro semestre de 2024.

3. Golpe do cartão novo: O golpista liga se passando por um funcionário do banco dizendo que vai entregar um cartão novo para você. Quando chega à sua casa, ele pede o cartão antigo para "cancelar" e já sai usando seu cartão verdadeiro para fazer compras. Este golpe fez mais de 15 mil vítimas no último ano, de acordo com o Procon.

4. Compras fantasmas: Neste golpe, cobranças pequenas aparecem na sua fatura de cartão, geralmente de serviços ou lojas que você nunca ouviu falar. Como são valores pequenos (R$ 20, R$ 30), muitas pessoas nem percebem. Mas os golpistas fazem isso com milhares de cartões, ganhando muito dinheiro. Levantamento do Banco Central mostra que essas fraudes somaram mais de R$ 300 milhões em 2024.

5. Golpe do suporte técnico: Você recebe uma ligação de alguém se passando por suporte técnico do banco ou da operadora do cartão, dizendo que encontrou um problema na sua conta. Para resolver, pedem que você instale um "programa de segurança", que na verdade é um programa espião que captura tudo o que você digita no celular ou computador.

6. Falsas promoções: Sites falsos oferecem produtos com descontos incríveis (tipo 90% mais barato que o normal). Quando você faz a compra e informa os dados do cartão, não só não recebe o produto como ainda tem o cartão clonado. De acordo com a Associação Brasileira de Comércio Eletrônico, esse tipo de fraude cresceu 83% desde 2023.

7. Golpe do pagamento duplicado: O golpista se passa por um funcionário da loja onde você acabou de comprar algo e diz que houve um erro e seu cartão foi cobrado duas vezes. Ele oferece estornar o valor, mas para isso, pede seus dados do cartão novamente ou até mesmo o código de segurança. Com essas informações, fazem compras em seu nome.

Agora que você já conhece os golpes mais comuns, vamos entender melhor como eles funcionam na prática, através de alguns exemplos.

Como os Golpistas Agem

Os golpistas são espertos e usam técnicas de persuasão muito fortes. Eles sabem mexer com as emoções das pessoas para conseguir o que querem. Vamos ver como isso acontece na vida real:

Maria estava em casa quando recebeu uma ligação. A pessoa do outro lado da linha se apresentou como funcionário do banco onde ela tem conta: "Bom dia, senhora Maria. Aqui é do setor de segurança do banco. Detectamos uma compra suspeita no seu cartão de crédito no valor de R$ 3.500 em uma loja de eletrônicos. A senhora realizou essa compra?" Quando Maria disse que não, o falso funcionário respondeu: "Então sua conta foi invadida. Precisamos agir rápido. Vou te enviar um código por SMS, e você precisa me falar esse código para eu bloquear a compra". O que o golpista não contou é que aquele código era, na verdade, para autorizar uma transferência da conta dela.

Outro exemplo comum aconteceu com Carlos. Ele recebeu um e-mail que parecia perfeitamente igual ao do seu banco, com o mesmo logotipo, cores e formato. O e-mail dizia que sua fatura digital não tinha sido emitida por um problema no sistema e pedia para ele atualizar seus dados clicando em um link. Carlos clicou e preencheu um formulário com todos os seus dados, incluindo número do cartão e senha. Na mesma hora, os golpistas começaram a fazer compras usando seus dados.

Já Dona Joana foi vítima de outro tipo de golpe. Ela recebeu uma ligação informando que haviam feito um cartão em seu nome, mas que era fraude. O suposto funcionário do banco disse que enviaria um técnico à casa dela para resolver o problema. Quando o falso técnico chegou, convenceu Dona Joana a ligar para o número que estava atrás do seu cartão (que na verdade era um número falso, operado por outro golpista) e a entregar seu cartão verdadeiro para ser "cancelado". Com o cartão em mãos e sabendo a senha, os criminosos realizaram saques e compras.

O que todos esses casos têm em comum? O uso do medo e da urgência. Os golpistas sempre tentam fazer você agir rápido, sem pensar. Eles criam uma situação de emergência onde você precisa tomar uma decisão naquele momento. Quando estamos com medo ou ansiosos, não pensamos direito e é mais fácil cair em golpes.

Outra coisa importante é que os golpistas costumam saber algumas informações básicas sobre você, como seu nome completo, onde você mora ou o banco onde tem conta. Isso faz com que a história deles pareça mais real. Eles conseguem essas informações de várias formas: redes sociais, vazamentos de dados ou até mesmo ligando aleatoriamente para várias pessoas até encontrar alguém que use o banco que eles mencionam.

É comum também que eles usem uma linguagem mais técnica, com termos bancários, para parecer que realmente trabalham no banco. Falam sobre "estorno pendente", "atualização cadastral", "processo de verificação" e outros termos que soam oficiais. Mas lembre-se: um verdadeiro funcionário de banco nunca vai ligar pedindo seus dados completos ou senhas.

Sinais de Alerta que Indicam Possíveis Golpes

Como reconhecer um golpe antes de cair nele? Existem alguns sinais que podem ajudar você a identificar quando algo não parece certo:

Urgência exagerada: O golpista sempre tenta criar um senso de urgência. "Você precisa resolver isso agora", "Tem apenas uma hora para confirmar", "Se não fizer isso imediatamente, sua conta será bloqueada". Quando alguém tenta apressar sua decisão, desconfie.

Pedidos de informações confidenciais: Bancos e empresas de cartão nunca pedem sua senha completa, código de segurança do cartão ou token por telefone, SMS ou e-mail. Se alguém pedir esses dados, é golpe.

Erros de português: Muitos e-mails e mensagens de golpistas contêm erros de português, como acentuação incorreta, pontuação estranha ou frases mal construídas. Comunicações oficiais de bancos costumam ser revisadas e não têm esses problemas.

Números de telefone suspeitos: Se você receber uma ligação de um número desconhecido ou diferente do número oficial do seu banco (aquele que está impresso no verso do cartão), desconfie. Muitos golpistas usam números de celular ou números que parecem de outras cidades.

Ofertas boas demais: Se uma oferta parece boa demais para ser verdade, provavelmente é. Descontos enormes sem motivo aparente, prêmios que você não se lembra de ter concorrido, ou oportunidades exclusivas "só para você" são táticas comuns de golpistas.

Links encurtados ou estranhos: Em mensagens legítimas, os links geralmente mostram o nome real da empresa (como www.seubancooficial.com.br). Golpistas usam links encurtados ou endereços parecidos, mas com pequenas diferenças (como www.seu-banco-official.net). Sempre verifique o endereço antes de clicar.

Solicitação para instalar programas: Se alguém pede para você instalar um programa ou aplicativo para "resolver um problema" com seu cartão, isso é quase sempre um golpe. Esses programas são geralmente spywares que roubam suas informações.

Como se Proteger dos Golpes com Cartão de Crédito

Agora que você já sabe como os golpes funcionam e como identificá-los, vamos falar sobre o que fazer para se proteger. São medidas simples que podem fazer toda a diferença:

Nunca compartilhe seus dados completos: A regra mais importante é nunca, em hipótese alguma, passar seus dados completos do cartão (número, validade, código de segurança), senhas ou tokens por telefone, WhatsApp ou e-mail. Nenhum banco ou empresa de cartão solicita essas informações por esses meios.

Desconfie de contatos inesperados: Se você receber uma ligação ou mensagem do seu "banco" sem ter solicitado, desconfie. Desligue e ligue você mesmo para o número oficial do banco (aquele impresso no verso do seu cartão) para verificar se existe realmente algum problema.

Verifique os endereços dos sites: Antes de inserir dados do seu cartão em um site, verifique se o endereço está correto. Observe se o site tem o cadeado de segurança na barra de endereços e se começa com "https://" (o "s" indica que a conexão é segura).

Ative as notificações de transações: A maioria dos bancos oferece serviços de notificação que enviam um SMS ou notificação no aplicativo sempre que uma compra é realizada com seu cartão. Ative esse serviço para saber na hora se alguém está usando seu cartão indevidamente.

Confira suas faturas regularmente: Não espere até o final do mês para verificar sua fatura. Acesse semanalmente o aplicativo ou site do seu banco para verificar se há compras que você não reconhece, mesmo que sejam valores pequenos.

Use senhas fortes e diferentes: Para suas contas bancárias e de cartão de crédito, use senhas fortes que combinem letras, números e símbolos. Evite usar a mesma senha para diferentes serviços. E nunca use informações óbvias como sua data de nascimento ou seu nome.

Mantenha seu celular e computador protegidos: Instale um bom antivírus e mantenha seu sistema operacional e aplicativos sempre atualizados. Muitos golpes dependem de falhas de segurança que já foram corrigidas em versões mais recentes dos programas.

Cuidado com redes Wi-Fi públicas: Evite acessar seu banco ou fazer compras online quando estiver conectado a redes Wi-Fi públicas, como as de shoppings, aeroportos ou cafés. Essas redes geralmente não são seguras e podem ser monitoradas por criminosos.

Configure limites de gastos: A maioria dos bancos permite que você defina limites diários para transações com seu cartão de crédito. Configure um valor que seja suficiente para seu uso diário, mas não tão alto que possa causar um grande prejuízo se seu cartão for clonado.

Use carteiras digitais quando possível: Serviços como Apple Pay, Google Pay e Samsung Pay adicionam uma camada extra de segurança às suas compras, pois não compartilham seu número real de cartão com os comerciantes.

O Que Fazer Se Você Foi Vítima de um Golpe

Se, mesmo tomando todos os cuidados, você acabar sendo vítima de um golpe, não se desespere. Existem medidas que podem ajudar a minimizar os danos:

Contate seu banco imediatamente: Assim que perceber que caiu em um golpe ou identificar compras estranhas na sua fatura, entre em contato com seu banco imediatamente. Quanto mais rápido você fizer isso, maiores são as chances de reverter as transações fraudulentas.

Bloqueie seu cartão: Peça o bloqueio do seu cartão de crédito para evitar que mais compras sejam feitas. A maioria dos bancos permite fazer isso pelo aplicativo ou telefone.

Registre um boletim de ocorrência: Vá a uma delegacia ou acesse o site da Polícia Civil do seu estado para registrar um boletim de ocorrência online. Esse documento será importante para contestar as cobranças junto ao banco.

Reúna evidências: Guarde todas as provas do golpe, como mensagens, e-mails, comprovantes de compras não reconhecidas e o número de telefone de quem te contatou. Essas informações podem ajudar na investigação do crime.

Conteste as cobranças: Entre em contato com o serviço de atendimento ao cliente do seu banco ou operadora do cartão para contestar formalmente as cobranças fraudulentas. O Banco Central do Brasil determina que as instituições financeiras têm 5 dias úteis para analisar sua contestação.

Monitore seu nome no sistema de crédito: Alguns golpes podem ir além de usar seu cartão – os criminosos podem tentar abrir contas ou fazer empréstimos em seu nome. Monitore regularmente seu nome em serviços como o Serasa e Boa Vista para verificar se há atividades suspeitas.

Troque suas senhas: Altere as senhas de todas as suas contas bancárias e serviços financeiros, mesmo aqueles que aparentemente não foram afetados pelo golpe.

Educação Financeira: Uma Aliada Contra os Golpes

Uma das melhores formas de se proteger contra golpes financeiros é através da educação. Quanto mais você entende sobre como seu dinheiro e seus dados funcionam, menos chance tem de cair em armadilhas. Aqui estão algumas dicas para aumentar seu conhecimento financeiro:

Acompanhe notícias sobre segurança digital: Fique por dentro das notícias sobre novos golpes e fraudes. Sites como o Consumidor.gov.br e o Procon frequentemente alertam sobre novos tipos de golpes.

Participe de programas de educação financeira: Muitos bancos oferecem programas gratuitos de educação financeira para seus clientes. O Banco Central do Brasil também tem uma seção de cidadania financeira com muitos recursos úteis.

Converse sobre o assunto: Compartilhe informações sobre golpes com amigos e familiares, especialmente com pessoas mais velhas que podem ser alvos frequentes. Quanto mais pessoas souberem como se proteger, mais difícil será para os golpistas terem sucesso.

Use fontes confiáveis de informação: Quando tiver dúvidas sobre segurança financeira, busque informações em sites oficiais de bancos, do governo ou de organizações de defesa do consumidor.

Novas Tecnologias e o Futuro da Segurança Financeira

A boa notícia é que, assim como os golpistas estão evoluindo suas técnicas, as tecnologias de segurança também estão melhorando. Conhecer essas novas ferramentas pode te ajudar a ficar ainda mais protegido:

Autenticação de dois fatores (2FA): Essa tecnologia adiciona uma camada extra de segurança ao exigir dois tipos diferentes de verificação antes de permitir acesso à sua conta. Geralmente, além da senha, você precisa inserir um código enviado para seu celular ou gerado por um aplicativo. Sempre que possível, ative essa função em seus serviços bancários e financeiros.

Reconhecimento biométrico: Cada vez mais bancos estão implementando sistemas de reconhecimento facial, de impressão digital ou de voz para verificar a identidade dos clientes. Essas tecnologias são muito mais difíceis de falsificar do que senhas tradicionais.

Cartões virtuais: Alguns bancos já oferecem a opção de criar cartões virtuais temporários para compras online. Esses cartões funcionam apenas por um período limitado e com um valor máximo definido por você, o que reduz os riscos de fraude.

Inteligência artificial para detecção de fraudes: Os bancos estão usando cada vez mais sistemas avançados de inteligência artificial que conseguem identificar padrões de compras incomuns e bloquear transações suspeitas automaticamente. Se você receber um alerta do seu banco questionando uma compra, não ignore – pode ser o sistema de segurança trabalhando a seu favor.

Blockchain e pagamentos descentralizados: Embora ainda não sejam majoritários, sistemas baseados em blockchain oferecem novas formas de proteção contra fraudes, pois cada transação fica registrada de forma permanente e verificável.

Mitos e Verdades sobre Segurança de Cartão de Crédito

Existem muitas informações circulando sobre como se proteger de golpes com cartão de crédito. Algumas são verdadeiras, outras nem tanto. Vamos esclarecer alguns mitos e verdades:

Mito: "Se eu fizer compras apenas em lojas físicas, estou 100% seguro"
Verdade: Mesmo em lojas físicas podem ocorrer golpes, como a clonagem de cartão ou o uso de máquinas de cartão adulteradas. É importante sempre verificar se o valor cobrado está correto e nunca perder seu cartão de vista.

Mito: "Embrulhar o cartão em papel alumínio protege contra clonagem"
Verdade: Embora o papel alumínio possa bloquear sinais de RFID (usado em cartões sem contato), a maioria dos golpes hoje acontece por meio de phishing, engenharia social ou vazamento de dados, não por leitura remota do cartão. É mais importante proteger seus dados online do que se preocupar com esse tipo de proteção física.

Mito: "Cartões de crédito virtuais não são seguros"
Verdade: Na realidade, cartões virtuais podem ser até mais seguros que os físicos em muitos casos, pois podem ser temporários, ter limites específicos e não podem ser fisicamente clonados.

Mito: "Se eu digitar minha senha ao contrário no caixa eletrônico, a polícia é automaticamente acionada"
Verdade: Isso não é verdade. Os caixas eletrônicos não têm essa funcionalidade. Se você estiver sendo forçado a sacar dinheiro, use os botões de emergência disponíveis em alguns caixas ou procure ajuda de outra forma.

Mito: "Compras de baixo valor não precisam de senha, por isso são mais arriscadas"
Verdade: É verdade que compras por aproximação de valor baixo geralmente não exigem senha, o que pode facilitar o uso indevido se o cartão for roubado. Por outro lado, existem limites para essas transações e os bancos monitoram padrões suspeitos. Você pode solicitar ao seu banco a desativação dessa função se preferir.

Grupos Mais Vulneráveis a Golpes

Embora qualquer pessoa possa ser vítima de golpes com cartão de crédito, alguns grupos tendem a ser mais visados pelos criminosos:

Idosos: Pessoas mais velhas são frequentemente alvos de golpes, principalmente por telefone. Os criminosos se aproveitam da gentileza e da menor familiaridade com tecnologias digitais. Se você tem familiares idosos, converse com eles sobre esses riscos e ajude-os a reconhecer tentativas de golpe.

Novos usuários de cartão: Pessoas que acabaram de obter seu primeiro cartão de crédito podem não estar familiarizadas com os procedimentos de segurança e são alvos fáceis para golpistas. Se você é novo no mundo dos cartões, dedique um tempo para aprender sobre segurança financeira.

Pessoas em dificuldades financeiras: Quem está passando por problemas financeiros pode ser mais suscetível a cair em golpes que prometem soluções rápidas, como ofertas de empréstimos com condições muito vantajosas ou renegociações de dívidas.

Usuários frequentes de redes sociais: Pessoas que compartilham muitas informações pessoais online fornecem, sem perceber, dados que podem ser usados por golpistas para criar abordagens personalizadas e mais convincentes.

O Papel das Instituições Financeiras na Proteção dos Clientes

As instituições financeiras têm uma grande responsabilidade na proteção de seus clientes contra fraudes. Segundo a Resolução BCB Nº 127, de 2022, os bancos são obrigados a implementar políticas, procedimentos e controles de segurança que reduzam o risco de fraudes.

Entre as medidas que os bancos devem adotar estão:

Monitoramento contínuo de transações: Os bancos devem ter sistemas que analisem em tempo real as transações em busca de padrões suspeitos, como compras em locais incomuns ou valores muito diferentes do seu padrão habitual.

Comunicação eficiente: As instituições financeiras devem ter canais eficientes para comunicar aos clientes sobre tentativas de fraude e para receber denúncias de transações suspeitas.

Ressarcimento em caso de fraude comprovada: Quando uma fraude é comprovada e o cliente não teve culpa (como compartilhar senhas ou cair em golpes óbvios), o banco geralmente deve fazer o ressarcimento dos valores.

Investimento em tecnologias de segurança: Os bancos são obrigados a investir constantemente em novas tecnologias para proteger os dados e o dinheiro dos clientes.

Se você sentir que seu banco não está cumprindo adequadamente seu papel na proteção contra fraudes, você pode registrar uma reclamação no Banco Central ou no Consumidor.gov.br.

A Legislação Brasileira e os Golpes Financeiros

No Brasil, os golpes com cartão de crédito são considerados crimes contra o patrimônio e podem ser enquadrados em diferentes artigos do Código Penal, dependendo da natureza do golpe:

Estelionato (Art. 171): Quando o criminoso obtém vantagem ilícita, induzindo ou mantendo alguém em erro. A pena pode variar de 1 a 5 anos de reclusão, mais multa.

Furto mediante fraude (Art. 155, §2º): Quando o golpista subtrai bens da vítima usando algum tipo de artifício ou fraude. A pena pode chegar a 8 anos de reclusão.

Invasão de dispositivo informático (Art. 154-A): Quando há invasão de dispositivos eletrônicos para obter dados financeiros. A pena varia de 3 meses a 1 ano de detenção, mais multa.

Além disso, a Lei Geral de Proteção de Dados (LGPD), em vigor desde 2020, trouxe normas mais rígidas para o tratamento de dados pessoais, o que ajuda indiretamente na prevenção de golpes, já que muitas fraudes começam com o vazamento ou mau uso de dados pessoais.

Se você for vítima de um golpe, além de contatar seu banco, é importante registrar um boletim de ocorrência. Mesmo que a chance de recuperar o dinheiro seja pequena em alguns casos, sua denúncia ajuda as autoridades a mapear esses crimes e pode contribuir para desmantelar quadrilhas organizadas.

O Futuro dos Golpes e Como Nos Preparar

Assim como a tecnologia evolui rapidamente, os golpistas também se adaptam e criam novas formas de enganar as pessoas. Especialistas em segurança digital preveem que nos próximos anos veremos um aumento de golpes usando inteligência artificial, como:

Deepfakes de voz: Golpistas já estão usando tecnologia para clonar vozes de pessoas conhecidas, como familiares ou gerentes de banco, para fazer ligações mais convincentes.

Golpes mais personalizados: Com o uso de dados vazados e informações de redes sociais, os golpes serão cada vez mais direcionados e personalizados para cada vítima.

Ataques a dispositivos conectados: Com o aumento de dispositivos conectados à internet (Internet das Coisas), surgirão novas brechas de segurança que os criminosos certamente tentarão explorar.

Para se preparar para esses desafios futuros, o melhor caminho é continuar se educando sobre segurança digital e manter-se atualizado sobre as novas técnicas de golpe. A informação continua sendo nossa melhor defesa.

Conclusão: Conhecimento é Proteção

Chegamos ao final deste guia sobre golpes com cartão de crédito. Como vimos, os golpistas estão sempre evoluindo suas técnicas, mas com conhecimento e alguns cuidados básicos, podemos nos proteger efetivamente.

Nunca compartilhe dados sensíveis por telefone ou e-mail, desconfie de contatos inesperados, monitore regularmente suas faturas e mantenha seus dispositivos protegidos. Se mesmo assim você for vítima de um golpe, saiba que existem caminhos para buscar seus direitos e minimizar os danos.

O mais importante é nunca agir por impulso quando o assunto é dinheiro. Golpistas contam com nossa pressa e nosso medo para nos fazer tomar decisões erradas. Respire fundo, pense com calma e, quando em dúvida, encerre o contato e procure diretamente seu banco pelos canais oficiais.

Compartilhe este conhecimento com seus amigos e familiares, especialmente com aqueles que podem ser mais vulneráveis a golpes. Quanto mais pessoas estiverem informadas, mais difícil será para os criminosos terem sucesso.

Lembre-se: seu dinheiro e seus dados são valiosos. Proteja-os com o mesmo cuidado que você protegeria qualquer outro bem importante em sua vida.

Fique seguro, fique informado e não deixe que os golpistas levem vantagem sobre você.

Principais Pontos para Lembrar

Para finalizar, aqui estão os pontos mais importantes que você deve guardar:

1. Bancos nunca pedem senhas, códigos de segurança ou tokens por telefone, e-mail ou mensagens.

2. Sempre verifique a autenticidade de mensagens e e-mails antes de abrir links ou baixar arquivos.

3. Mantenha aplicativos e sistemas operacionais atualizados para evitar vulnerabilidades.

4. Ative notificações de compras para ser alertado imediatamente sobre transações suspeitas.

5. Confira regularmente sua fatura de cartão de crédito, mesmo antes do fechamento.

6. Em caso de golpe, bloqueie imediatamente seu cartão e registre um boletim de ocorrência.

7. Desconfie de contatos inesperados, especialmente os que criam sensação de urgência.

8. Nunca compartilhe dados pessoais ou financeiros em redes Wi-Fi públicas.

9. Use senhas fortes e diferentes para cada serviço financeiro.

10. Confie no seu instinto – se algo parece suspeito, provavelmente é.




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